sábado, 23 de fevereiro de 2013

Besouros.

Ninguém se isentou da condenação naquele dia em que a criatura passou a ser inanimada. Pobre dela, única e desabitada de sua própria essência. Então, os habitantes da localidade se perguntam: por que tão dura pena aos alheios? Justiça divina? Um acerto de contas cósmico, que tenta desesperadamente conduzir o universo ao equilíbrio? Ou seria unicamente mais um dos misteriosos acasos desse enigmático e compungido caminho? Não, não se tratam de mistérios, acasos ou enigmas, menos ainda do vangloriado equilíbrio natural dos sistemas. Nada pode ser proprietário da natureza da verdade absoluta, a ponto de nos indicar com tamanha precisão, as causas e efeitos de algo que é incompreensível e infinito. Por que é exatamente assim, recheadas da incompreensão e das possibilidades sem fim, que se definem as combinações biológicas magistradas nesse cenário. A petulância das conclusões das teses elaboradas com tal intuito causa náuseas ao sóbrio bom senso. E parece que tudo que nos resta é sempre o sim ou o não. Quanto ao castigo imposto aos alheios, eles foram condenados a serem iguais entre si, indiferentes com o próximo e por consequência, incapazes de modificar suas circunstâncias. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário