domingo, 14 de abril de 2013

Lhes declaro.


Aconteceu em uma noite agonizante de uma data trivial. Perdido nas memórias de uma festa que aconteceu há muito tempo, ele viu uma alma que, de modo inocente, já havia sido presenteada por sua mais íntima e sincera oferenda atemporal e que agora estava trilhando um dos caminhos sem volta. Essa estrada específica é sem volta em sua, mas não concebida somente por si, concepção ideal de um mundo sem atropelos filosóficos, individualistas, egoístas e sanguinários. Tratasse de uma jornada que, constantemente, aprisiona pobres peões em correntes sagradas e que constrói as instituições mais belas e ao mesmo tempo mais perversas de que já se teve notícias. A alma que havia sido fitada por seus olhos virtuais já lhe despertara todos os tipos de sentimento, o amor supracitado, a inveja que oxida as convicções primas, a pena que alimenta o orgulho e até mesmo a ira de temível, inconsequente, irreparável e imprevisível presença. Dessa vez, nesse cenário, nessa noite de curtas horas, nesse cubículo caótico de odores e configurações detestáveis, ele não soube o que sentir. Não teve coragem de lhe desejar sorte, não teve vontade também, nem ao menos sabia se isso faria alguma diferença, pois não era em seus desejos, fossem quais fossem, que o destino se embasaria para dar ou tirar qualquer fato pertinente da existência futura daquela compleição metafísica. A conjunção temporal definitiva ainda estava por vir, e com ela suas consequências. A ele, solitário e amargurado, o único fardo que lhe restou foi o de sua própria vida.

2 comentários:

  1. "Essa estrada específica é sem volta em sua, mas não concebida somente por si, concepção ideal de um mundo sem atropelos filosóficos, individualistas, egoístas e sanguinários."

    Criar uma família.

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  2. Nunca limitarei as interpretações textuais dos leitores desses textos, não ao menos dos escritos por mim. Tudo é certo, desde que haja motivos para que as interpretações sigam suas linhas filosóficas, de raciocínio, lógico, ou instintivo. Não sou eu que limitarei sua capacidade e liberdade intelectual. Quanto a sua conclusão, se ela coincide ou não com as minhas, lhe direi que em partes. Quando tivermos a chance de tomarmos uma gelada e debatermos sobre essas questões lhe digo o que estava pensando no momento da confecção desse texto. Abraço amigo!

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