Lembrei-me de uma época negra, em que vivia acompanhado por
campeões, e conosco sempre estavam os espólios gloriosos de batalhas, que ainda
hoje podem ser ouvidas. Nesse mesmo período, conheci gigantes de uma ilha
distante, que entoavam canções curiosas e que serviram de inspiração para
fragmentos textuais, que, por várias vezes, foram vistos como marginais por membros
ignorantes de uma sociedade sórdida. Os gigantes nos aconselharam, a mim e aos
campeões, a nunca falarmos sobre a morte, pois um mago paranoico poderia, com a
ajuda de uma mulher maléfica, nos conduzir ao desespero profundo e sem fim. Em
uma vila sonolenta nós visitamos uma caravana interplanetária. Compramos
mantimentos para a continuação de nossa jornada e trocamos uma nota musical por
uma aliança carnal entre um anão bárbaro e uma serpente albina. Testemunhamos crianças
que saiam de suas covas em busca de mudanças para seus futuros arruinados. Ouvimos
contos que eram apresentados em coro por homens férreos, torturados pela amargura de não
haver mais vagas nem no céu nem no inferno para suas almas malditas. Nesse momento,
um buraco se abriu nos céus e de lá, cavalgando em um animal de dez cabeças,
apareceu um cavaleiro de neon. Ele trazia em sua mão esquerda uma espada de
prata, e na direita uma mensagem datilografada em código binário. Depois de
sessenta e oito horas descobrimos que deveríamos marchar para o norte, onde
havia uma missão vital para concluirmos. Seguimos a sétima estrela e depois de
nascermos novamente chegamos ao nosso destino. Desumanizamos o ídolo eterno,
envenenamos o poço dos desejos, levamos um povo à liderança, sabotamos um castelo
de fumaça, escrevemos feitiços na pele de um cordeiro, e depois de termos libertado nossas mentes das preocupações de um cotidiano inexistente, falecemos na
promessa da juventude eterna.
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