Acordei indisposto, mas mesmo assim me dirigi ao purgatório.
No café da manhã foram servidos veludo, submissão, e um naco de carne com muita
gordura, o melhor foi poder pagar com agressividade, insultos e com uma bela
segmentação vívida das minhas reservas genéticas. O almoço foi frio,
misterioso, e digno de contemplação e desejo, no fim tive a chance de quebrar o
clima estranho e ganhei como recompensa um sorriso formoso, um olhar charmoso e
um código promissor. Quando cheguei a minha casa, um pequeno lanche vespertino
estava a minha disposição, nele encontrei uma dose cavalar de insatisfação e muita
curiosidade por conta do que havia por baixo do tecido negro. A refeição foi devidamente
tratada com provocações e um recipiente sedoso acabou molhado por um acidente
não acidental, mas foi só. Mais tarde, de surpresa, fui agraciado com a última
ceia, essa sim saborosa, cálida, completa, permissiva, que começou com tons comportados
e contidos, mas que se revelou com rapidez insana e intensa, proprietária de
uma textura suave, perfumada e viva, a melhor em anos devo admitir. Ainda tive
a oportunidade de desfrutar de reflexões originais como sobremesa, fato que me
surpreendeu agradavelmente. Dormi como pedra e o melhor de tudo foi, na manhã
seguinte, despertar em outros ares.
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