Eu sou só uma segunda opção. Uma massagem ao ego. Um levante à auto estima. Alguém para ser lembrado na carência. Alguém para suprir atenção. Não alguém para ser levado em consideração. Muito pelo contrário. Alguém para ser desconsiderado nos momentos mais íntimos, mais intensos, mais verdadeiros. Eu sou a sobra. Sou o dispensável, e ainda assim aquele que é procurado para atender a necessidade básica da satisfação em se sentir especial. Sou usado, utilizado, descartável. Oportuno, adequado, conveniente. Nunca uma escolha, nunca uma opção, simplesmente uma lembrança, uma passagem, um momento, um alívio do cotidiano. Agora, todas as minhas esperanças estão em conjunções alheias, enquanto eu, coberto por gelo, lamento, reflito, e vejo a melancolia diante de mim. Aceitável ou não, a realidade é única, é tangível, é palpável, é cruel, é verdade. Aquele que nunca será, ou que antes de ser, sofrerá por não ser. Impossível de relevar, impossível de aceitar, de se contentar. Todo meu coração está aberto, diante de tudo, de todos, exposto, explícito, apesar dos alertas, aqui está, pulsa, sangra, sofre, por mim, e só por mim. Isso, e muito além disso, está sozinho. A reciprocidade é um conceito turvo e longínquo, que não encontra paralelismo ou correspondência, pois o que sinto é só meu. Solitário. Secundário. Dispensável. O que eu acho que vou ter? O que eu acho que será correspondido? A resposta é nada. Eu sou um nada. Eu sou o vazio e o eco desse vazio. Eu sou entregue ao meu amor, ao amor que eu sinto e que eu entrego. Eu sou sentimento. E eu sou o sentimento que as pessoas usam, não que as pessoas correspondem. Eu sou nada, novamente, um refúgio, mas também um refugo. Dispensável, insignificante, irrelevante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário