Em uma garrafa de vinho e em uma sinfonia vocalizada por
metais dourados e tubos gloriosos, eu achei a porta para um novo universo.
Inspirado, decidi caminhar pela estrada de vidro que se materializou diante de
mim. O problema é que meu sapato era de aço e a estrada se quebrou depois de
330 dias de caminhada. Cai então em um turbilhão de carne e de um fluído que ainda
não identifiquei. Foi bom, mas passageiro. O mais interessante é que essa experiência
deixou de ser interessante depois que descobri que a cortina de fumaça que
condensa nossa personalidade, pode ser removida com um olhar firme e brados
lineares, não havia mais sentido em insistir em reviver algo que já se havia aprendido.
Assim mudei a conjuntura. Despejei-me em um poço de notas agudas e efeitos
colaterais áridos e dolorosos. A sombra que pairava sobre minha cabeça se foi,
não de uma vez como eu desejava, mas aos poucos, o mais engraçado é que pela
manhã ela sempre era mais intensa, e depois da farta refeição do meio do dia
também, mas a noite era só um eco longínquo, ilusório e prófugo. A expectativa
de viver arte me aguçava ainda mais a vontade de passar o tempo com comprometimento.
Logo chegaria a hora em que eu estaria envolto em um jardim recheado de árvores
frutíferas e intensamente produtivas, na realidade esse era meu maior
incentivo. E a mudança de conjuntura veio na hora certa afinal. Não poderia de
forma alguma entrar nesse viveiro formidável como um pequeno e indefeso mamífero, se eu tinha o intuito de coexistir com esses monumentos naturais. Muito menos como um
larápio pronto a violar os frutos dessas espécimes ímpares para saciar sua
sensação de vitória e usurpação. Deveria
invadir esse cenário marchando rumo a minha satisfação, pronto para me exaurir,
e disposto a consumir todos os frutos disponíveis até o último grama. Destino
privilegiado? Não, apenas esperanças efêmeras.
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